Que maçada…
Ainda hoje, não tenho explicação para o que aconteceu.
Éramos felizes os dois. Levantávamo-nos à mesma hora, tomávamos banho à vez, bebíamos uma chávena de café, dizíamos “até logo” e à saída do prédio já velho onde morávamos, tu viravas à direita para apanhar o eléctrico, e eu descia a calçada à esquerda.
Eu chegava a casa mais tarde. O chefe de repartição fica sempre até tarde no escritório, e eu tenho de ser sempre a última a sair.
Quando chegava a casa, já tu tinhas o pijama vestido e, sentado na tua cova do sofá, forrado com os naperons que eu fazia em crochet (agora gosto mais do ponto cruz. Já tenho 3 quadros para pôr na sala, falta só que tu marteles os pregos) ouvias atentamente o rádio.
Quatro vezes por semana, fazia o teu comer preferido: feijoada à transmontana.
Depois do jantar, arrumava a cozinha e sentava-me ao teu lado, na minha cova do sofá, a fazer os meus naperons de crochet (agora bordo em ponto cruz).
Naquele dia, (há 2 anos, 5 meses e 18 dias) vim mais cedo para casa.
O resto da feijoada do jantar que comi, ao almoço, na secretária da repartição, caiu-me mal.
Abri a porta da casa, ouvi gargalhadas…
Tu a rir!!!
Fiquei espantada. Tu, sempre tão sério.
E quando espreitei o quarto, estavas com uma mulher os dois nus em cima da colcha de crochet que eu tinha feito para a nossa cama.
Foi uma maçada para mim, ver-te tão atrapalhado, explicando a gaguejar que estavas mal das costas e que a tua colega se ofereceu para te dar uma massagem “Zen”.
Gostei do nome: massagem Zen.
Aproveitei que estavas entretido e, como era dia de feijoada, fui adiantar o jantar. Eu não ia jantar, fazia um cházito, para me aliviar os intestinos.
Não te senti à porta da cozinha, entretida a lavar os feijões.
Disseste-me adeus e mal tive tempo de te responder. Achei estranho saíres àquela hora, de braço dado com a colega Zen. Mas pensei que fizesse parte do tratamento. A maçada toda era a panela da feijoada já pronta e eu mal dos intestinos.
Mais estranho achei não teres voltado nessa noite. Nem nas seguintes…
E todas as noites eu cozinhava feijoada, não fosses tu aparecer de repente, já refeito das costas e não teres o comer pronto.
Há 2 meses que sangro, quando defeco (gosto da palavra defecar).
Quarta-feira passada, sentada à noite na minha cova do sofá, a bordar ponto cruz, tomei coragem de ir ao médico.
E fui…
Hoje voltei lá, para saber os resultados dos exames. Não sei o nome deles, mas sei que não eram exames Zen.
O médico disse-me que eu tinha um cancro nos intestinos e perguntou-me que tipo de alimentação eu fazia.
Eu disse-lhe que comia feijão.
“feijoada à transmontana, senhor doutor”.
Não vá tu voltares, refeito das costas devido às massagens Zen, e não teres o teu comer preferido.
Era uma grande maçada!!!...
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. RIP
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